Olha! Somos descolados!
Desta vez eu não poderia ir ao cinema sozinho. Precisava de companhia, uma pequena companhia. Arrastei comigo uma criança, após muita insistência e compras de guloseimas e pipoca, para assistir High School Musical: O Desafio, a versão nacional com pinta de #fail de High School Musical, que não é tão #fail assim se você gosta de música teen e números musicais animadinhos – algo que, talvez, eu goste com certa cautela. A curiosidade quase matou o gato. Saí vivo da sala, mas com vontade de enfiar um saco plástico na cabeça de constrangimento, o que, caso possuísse algum, já teria feito durante a sessão nos muitos momentos de vergonha alheia. Eu só conseguia pensar “eu tenho 21 anos!, não posso estar aqui por vontade própria”. Mas estava – e ainda custou dinheiro.
É importante saber o que esperar de um filme como esse antes de assisti-lo. Romance infantil, situações inverossímeis para deixá-lo com mais de 10 minutos de duração, músicas de qualidade questionável, arquétipos de personagens e estória previsível fazem todo sentido se levarmos em conta o material original para essa versão. Não dá para falar que o filme é uma merda por isso, colocá-lo em seu lugar é fundamental. Nesta caso, ele é uma merda também por isso. Porque já assisti dezenas de filmes que aderem a esse pacote de ideias prontas e as reciclam e o resultado é, ao menos, agradável. Agora, eles cantarem NX-Zero é algo que você não espera! E Wanessa ex-Camargo no elenco achando que tá abafando – e quando começa a cantar, piora, obviamente – é outro fator que valida a lei de Murphy: nada está tão ruim que não possa piorar.
Além desses graves pequenos detalhes, a falha maior de High School Musical: O Desafio reside justamente onde não poderia estar: nas sequências musicais. Nunca soou tão ridículo duas pessoas conversando começarem a cantar como se fosse a coisa mais normal do mundo, característica que, para mim, é o maior charme e encanto do gênero, mas aqui é comprometida pelas músicas e péssima dublagem dos atores. [Aliás, preciso ressaltar que todo o aspecto sonoro é extremamente ruim. Não são poucas as vezes que figurantes falam em cena e não são ouvidos pelo público. A impressão é que o filme foi, em sua maior parte, dublado pelos próprios atores, e de modo muito mal executado]. Se nem todos cantam bem – o protagonista, então, não convence como nada -, os números musicais são ainda mais comprometidos pelas coreografias pouco elaboradas, pecando pela falta de movimentos e originalidade. E é de se surpreender como uma direção pode piorar as coisas, como passear a câmera, no fim do filme, no rosto de cada ator principal – alguns até piscam para ela, acredite.
Chega, não comento mais nada até “fim de férias, as aulas já vão começaaaar / vida nova e sonhos pra alcançaaar / o novo ano começoooooooou” sair da minha cabeça. Ah sim, e quem falou que Lobo-Guará é um bom nome de time de futebol?
nota | 1,5