o mensageiro [dir.: oren moverman, 2009]

Não é preciso campos de batalha para retratar a guerra. Nem de bombas iminentes a explodir sob o sol a pino no Iraque. Em The Messenger, o conflito reside no próprio soldado, a batalha é emocional e as armas necessárias talvez não sejam mais que autocontrole e uma rigidez que não pode se fragilizar. Oren Moverman [roteirista do ótimo Não Estou Lá] compõe, tanto no roteiro quanto na direção, um lado da guerra até então carente de atenção, quando o soldado já tá dentro do caixão e outros soldados sobreviventes precisam informar o falecimento para sua família. Assistimos episódios como esse em outros filmes, mas as cenas geralmente não duram mais que um minuto, a esposa do falecido entende o recado quando vê dois soldados na porta de casa, começa a chorar, ninguém fala nada do lado de lá da tela e, provavelmente, do lado de cá, nem sobra tempo para o espectador notar – nem vivenciar – que o fato não é uma simples passagem. Mas que também deixa sequelas, em quem noticia ou é noticiado. E com uma premissa que poderia tender para a emoção barata, a maior sensação é um forte impacto – e por vezes, não deu para piscar ou se mexer na poltrona. Resultado de um elenco irretocável [Ben Foster é capaz de protagonizar um filme de tamanha densidade como esse,  Woddy Harrelson ainda consegue se superar e faltou Samantha Morton nas premiações] e uma direção inspirada e direta, precisa em revelar seus personagens e surpreendente pelo apuro estético.  Sejamos claro: O mensageiro merecia ainda mais reconhecimento que Guerra ao Terror – e aposto que seu produtor não ficaria enchendo a caixa de e-mails de ninguém.

nota | 8,5


Um Comentário

  1. Para mim é aquele tipo de produção que funciona por alguns aspectos em particular, nesse caso o elenco é sua maior força. Todos estão muito bem, em especial o Woody Harrelson que seria meu favorito do ano caso não o Christoph Waltz não existisse :P

  2. haha, tive que rir com um final, muito espirituoso. Ainda assim, acredito que ambos possam ser grandes filmes e que Guerra ao Terror tem sim muitos méritos, apesar de seu produtor trapalhão xD. Você plantou uma grande curiosidade, porque ainda que seja muito interessante e original abordar esse lado da guerra, pensei um pouco, mas não consegui imaginar como desenvolveram uma trama em cima disso, isso é, imaginar como eu imagino. O que eu fiquei mesmo curioso foi pra saber qual dos muitos caminhos possíveis nesse caso eles tomaram. Não sei como farei, mas espero vê-lo antes do Oscar, acho que vou ter que baixar.

  3. Não está nos meus planos assistir “O Mensageiro” antes do Oscar de domingo, mas não dúvido que ele seja melhor do que “Guerra ao Terror”, um filme superestimado em diversos aspectos.

  4. Gostei menos do que você, mas achei que “O Mensageiro” tem aspectos muito interessantes, em especial a atuação do Ben Foster e da Samantha Morton, ambos ÓTIMOS!

  5. O elenco é sensacional mesmo. Todos os três estão fantásticos. Como debatemos (pessoalmente ^^), adorei como o diretor realiza planos longos, confiando nos seus atores e na força dos diálogos. É um belo roteiro, alias.

    Nota 8,0

    ps: o filme ficou ainda melhor por causa da companhia. =D

  6. Estou com muita vontade de ver, depois de inúmeras críticas positivas ao enredo e as atuações, em especial, claro de Foster e Harrelson – um dos meus atores favoritos, aliás. Depois de “Up in the Air”, é o que pretendo ver. Abraço!


Deixe um comentário